Há
esses momentos de vida em mim, Que
quiçá constituem os meus ossos E
a minha frágil carne de homem; Essas
inúmeras recordações, Esses
imperturbáveis batimentos de coração: A
glória de um aluno que me diz a ortografia de uma palavra; A
solitária aventura de um gafanhoto numa não menos solitária seara; Esse
milagre que nunca aconteceu; O incompreendido afeto daqueles que são os meus amigos; A
misteriosa descoberta da meia-noite; O
chamamento do fogo da lareira; A
estética inquestionável de um violino que nunca soube tocar; Uma
rua com nome de rio – Zambeze; A
escansão incompleta de um verso de Ovídio: “Permanecer
não é permitido”; A
exaltação de um nome — o meu — E
a voz quente da deia que o exaltou; A
informe paz da noite sobre este corpo Desumano
que recorda em saltos analépticos As
estranhas marcas do destino
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