quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Recordações

Há esses momentos de vida em mim, Que quiçá constituem os meus ossos E a minha frágil carne de homem; Essas inúmeras recordações, Esses imperturbáveis batimentos de coração: A glória de um aluno que me diz a ortografia de uma palavra; A solitária aventura de um gafanhoto numa não menos solitária seara; Esse milagre que nunca aconteceuO incompreendido afeto daqueles que são os meus amigos; A misteriosa descoberta da meia-noite; O chamamento do fogo da lareira; A estética inquestionável de um violino que nunca soube tocar; Uma rua com nome de rio – Zambeze; A escansão incompleta de um verso de Ovídio: “Permanecer não é permitido”; A exaltação de um nome — o meu — E a voz quente da deia que o exaltou; A informe paz da noite sobre este corpo Desumano que recorda em saltos analépticos As estranhas marcas do destino

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