O mais
antigo dos meus sonhos
É o de
uma casa colonial
Com
palmeiras e bailes
E
escravos a brincarem em computadores.
Há
também uma rapariga fresca,
Clara
como a aurora
Com a
calma e a beatitude de um anjo,
Que
ordena a sua vida pelos horários
Dos
programas de televisão,
Pensando
que isso é o máximo...
Nesse
mesmo sonho,
Com
frequência, aparece
Um deus
em ponto grande
A
sussurrar-me:
“Pá!...
Pá! … Ó Pá!...
Na
minha infinita bondade,
Eu
vejo-te.”
E ao
fazer-se a manhã,
Com os
olhos especados no tecto,
O corpo
tenso,
Compreendo
que assim sonham os infelizes,
Os
cobardes e os crentes,
Compreendo
que são os tentáculos da vida
Que
tecem estes meandros
Que me
perseguem incessantemente
Até à
purificação