domingo, 28 de julho de 2013

O Medo de Acordar



Quando olho a noite clara e quieta,
Entendo que o Universo dos Homens
É tumultuoso e instável.
Ausculto o que há em mim
E essa consciência que me sonda,
Como raízes que se afundam,                               
Cria meandros agónicos
De vozes altivas de capatazes
Que me ordenam, me comandam
E me julgam a mim:
Meu próprio ladrão, minha própria criança,
Minhas próprias sementes.
Mas é a noite que chama mais alto
E, no silêncio, minha condena desvanece.
Até que, na boca do vento,
Nasce uma paz insondável,
Quando penso que ainda não é amanhã

domingo, 21 de julho de 2013

Dormir



É distante o despertar.
Sê inteiro no teu sonho.
Sossega.

Deixa a Morfeu
O retiro do Sol
E o apogeu das estrelas…

E verás que, entre o Alfa e o Ómega,
A génese da dúvida e da certeza,
Uma maiúscula e um ponto,
Uma mão e a sua blandícia,
Se geram mundos

Em que somos o nosso próprio anjo,
O nosso próprio Deus,
O nosso próprio mundo.

E, então,
Voltam os que partiram,
Permanecem os ausentes

terça-feira, 16 de julho de 2013

ENTROPIA



Acordam de manhã,
Vozeiam “mais um dia”.
É também provável que,
Na assimetria do mundo,
Alguns bafejem “menos um”.

Essa sensação irredutível
De desalento e imperecível desespero
Ilumina certos homens
E devolve-os ao conhecimento
Da plena e amarga loucura.

Admirável é transbordarem
De sabedoria

INFERNO



Aqueles que são o Inferno
E sopesam a vida dos homens
Aqueles que misturam a cal à farinha
E distribuem o pão da salvação
Aqueles que se coroam com o oiro da terra
E cospem no chão
Aqueles que sofrem com capacidade
E por isso se resignam
Aqueles que têm a espada certa
Mas que cega a glória
Aqueles que sugam as riquezas do Mundo
E dão de comer aos pobres
Aqueles que veem com um olho
O que não vislumbram com o outro
Aqueles que toleram os erros
E também as desgraças
Aqueles que provocam o caos
E trazem a paz
Aqueles que defendem causas
Porque são suas
E os que mentem
Com as palavras da verdade…

Amamo-los
Porque são deuses