segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Cest souvent vers minuit



Il  y a si peu de temps,
Oh tant de temps,
J’étais un homme vivant.

Et enfin voilà que soudain
Rien, rien que du silence
Du silex coupant
De vaines artères et puis du sang

Depuis je ne suis plus,
Sous la pluie, qu’un être mort
Qui ne se plaît
Qu’au bord de sa plainte,

Sans peines ni pleurs,
Sans racines sans haine,
Un simple mec qui se dégonfle.
Quand le vent souffle :
– Eh ! tu as vu l’heure ?

Et tout recommence.
C’est le matin ou bien la nuit,
C’est souvent vers minuit
Que viennent ces remords
Demander l’obole

Et qu’ai-je ?
Peut-être les boules,
Peut-être le flingue et les balles,
La lame et les yeux en larmes.

Précisément les yeux noyés,
Mutilés par l’espoir d’apprendre à donner un jour,
L’âme broyée s’élance du corps torpe vers le soleil

Et, avec le cœur à mil à l’heure,
Je respire, je respire, je respire

sábado, 26 de outubro de 2013

Fábula



Um dia, a formiguinha e a tartaruga
Souberam das suas recíprocas histórias
E, uma devagarinho, outra amealhando,
Juntaram os seus resignados saberes
Para projectarem uma hipótese de Homem
Meio raposa, meio cigarra
Meio ladrão, meio roubado

domingo, 28 de julho de 2013

O Medo de Acordar



Quando olho a noite clara e quieta,
Entendo que o Universo dos Homens
É tumultuoso e instável.
Ausculto o que há em mim
E essa consciência que me sonda,
Como raízes que se afundam,                               
Cria meandros agónicos
De vozes altivas de capatazes
Que me ordenam, me comandam
E me julgam a mim:
Meu próprio ladrão, minha própria criança,
Minhas próprias sementes.
Mas é a noite que chama mais alto
E, no silêncio, minha condena desvanece.
Até que, na boca do vento,
Nasce uma paz insondável,
Quando penso que ainda não é amanhã

domingo, 21 de julho de 2013

Dormir



É distante o despertar.
Sê inteiro no teu sonho.
Sossega.

Deixa a Morfeu
O retiro do Sol
E o apogeu das estrelas…

E verás que, entre o Alfa e o Ómega,
A génese da dúvida e da certeza,
Uma maiúscula e um ponto,
Uma mão e a sua blandícia,
Se geram mundos

Em que somos o nosso próprio anjo,
O nosso próprio Deus,
O nosso próprio mundo.

E, então,
Voltam os que partiram,
Permanecem os ausentes

terça-feira, 16 de julho de 2013

ENTROPIA



Acordam de manhã,
Vozeiam “mais um dia”.
É também provável que,
Na assimetria do mundo,
Alguns bafejem “menos um”.

Essa sensação irredutível
De desalento e imperecível desespero
Ilumina certos homens
E devolve-os ao conhecimento
Da plena e amarga loucura.

Admirável é transbordarem
De sabedoria