quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

INICIAÇÃO



Na frágil transparência do verso,
Claramente, versificava as coisas
Claras de luz-cor e equilíbrios de sombras.
No hemistíquio-pausa, era a luminosidade geométrica
carregada de gestos calculados:
O traço forte do aceno, a matinal clareza do sorriso,
O pêndulo da vida na oscilação dos lábios-palavras...
Esboçava indecifráveis radiâncias corporais em discursos óbvios:
Montanhas, ventos, mímicas, gramática,
Dias que são o futuro, horas tardias e vícios...
Essas pequenas banalidades que são de qualquer um
Obrigavam os outros a dizer que dava pena ouvi-lo,
Que tudo não passava de ficção. Coitado!
Mas talvez ele, numa compreensão maior, acreditasse
Que o destino está na forma como articulamos as palavras,
Como cumprimos os nossos gestos,
E que a verdade não se procura,
Provoca-se

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